Eu, confesso, era viciada neste blogue. Como disse aqui várias vezes, ele era o meu anti-depressivo, a minha cocaína. Sobretudo nos maus momentos. Nos maus momentos vinha para aqui despejar o que me ia na alma, e, parecendo que não, ficava melhor. Poupava dinheiro em psicólogo, por exemplo. E também nos bons momentos. Falar do quanto estava (e estou. tanto. tanto. o meu amor, desculpem-me os vossos, é o mais lindo de todos os amores.) apaixonada. Das pessoas da minha vida. Das minhas viagens e do quanto me faziam feliz. Eu tinha necessidade disso. Nós sentimos necessidade disso. Chega a uma altura em que se torna uma necessidade contar as coisas no blogue. Mostrar as roupas e aquilo que se compra (isso, felizmente, nunca me passou pela cabeça). Mostrar isto. Mostrar aquilo. Sempre em busca da aprovação e da admiração dos outros. Sempre.
Neste momento olho para o meu blogue e para os outros de forma diferente. Ler tudo de fora é tão bom. Sabe bem. E faz tudo parecer pequenino e, aqui que ninguém nos ouve, um bocadinho ridículo. Nós, que já estivemos e estamos deste lado, conseguimos analisar tudo à lupa quando nos distanciamos deste mundo. Aquilo que na blogosfera é um drama, lá fora não é nada. Aquilo que na blogosfera é o máximo, lá fora ninguém conhece.
Sempre ouvi dizer que há males que vêm por bem e, possivelmente, aquilo que me aconteceu foi um sinal dos tempos para que eu desse menos importância ao blogue. Afinal de contas eu até tenho uma vida tão preenchida e tão rica em acontecimentos, cada vez mais, porque raio teria eu esta necessidade de vir aqui escrever o que me ia na alma diariamente? Bom, eu adoro escrever, e preciso de escrever, em parte seria por isso. Mas a verdade é que também gostava do feed-back que tinha de quem me lia. Daquelas palavras que recebia. Dos e-mails. De tudo isso.
Neste momento não sinto necessidade de vir aqui escrever diariamente. A minha vida preenche-me totalmente. Mas, e em resposta às perguntas de algumas pessoas, este blogue não acabou. Está apenas semi-adormecido. Se calhar vai haver um dia em que eu vou sentir novamente necessidade de vir para aqui diariamente despejar aquilo que me vai na alma. E aí sei que vou ser bem recebida por todos vocês tal como um filho pródigo que regressa a casa depois de a ter abandonado. Mas, neste momento, estou muito bem assim. A escrever quando o rei faz anos.
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