É o problema de nos habituarmos ao melhor # 2
Sunday 31 January 2010
Vera Farmiga
Com os homens é a mesma coisa, uma pessoa habitua-se ao melhor e depois nenhum dos que se seguem tem graça. Mesmo que façam o pino seguido de um mortal à frente empranchado...
É o problema de nos habituarmos ao melhor
Katie e William (eram os meus favoritos)
O "So You Think You Can Dance" é talvez dos melhores programas do género - reality show/competição - feitos até hoje. O nível de exigência é tão grande, tão grande (só possível num país enorme e com tanta gente como os Estados Unidos), a qualidade dos bailarinos é tão boa, as coreografias são tão espectaculares, que qualquer dança que se veja depois num programa da tv qualquer com uma coreografia do Marco di Camilis (nada contra o senhor, mas parece que, de repente, não existem outros coreógrafos no nosso país) não passa de uma coisa completamente amadora e sem graça.
Up in the air
O filme até poderia ser uma bela trampa que, só pela visão que nos proporciona do sorriso do George Clooney e pela imagem do próprio em tronco nu deitadinho na cama, já teria valido a pena. Mas não foi o caso. O filme é excelente, dá que pensar e dá um pontapé certeiro nos clichés de Hollywood. É, portanto, uma lufada de ar fresco. Aliás, foi o meu filme favorito dos últimos tempos.
Um dia destes...
É um verdadeiro crime...
...
Friday 29 January 2010
Eu, tu e a tua mãe
George Clooney e a mãe
Então e quando um ex namorado nos convida para lanchar e, surpresa das surpresas, damos de caras não só com ele, mas também com a sua mãe? Eu gostava de ter visto a minha cara quando olhei para os dois, sentadinhos na mesa da pastelaria, à minha espera. A sério que sim. Está bem que a senhora é uma querida, mas não havia necessidade.
Outro em vias de ficar careca?
Thursday 28 January 2010
Vão mas é roubar para a estrada!
Carecas charmosos - Algumas sugestões dos leitores
Marcello Antony
A fotozinha é de péssima qualidade, mas foi o que se arranjou. De qualquer modo, concordo. É um belo exemplar dessa espécie cada vez menos em vias de extinção que são os carecas.
Freddy Ljungberg
Não faz bem, bem o meu género, mas tenho a certeza que a maior parte do mulherio deve adorar. Dispensava-se era a panterinha a sair da cueca e a trepar os seus belos abdominais, mas, pronto, ele lá terá as suas razões para a ter feito.
(E com que então o Sean Connery usava capachinho? )
Boa tarde
Penélope Cruz
Os meus alunos são o máximo. Eu não me canso de dizer isto, porque, de facto, tenho uma turma como deve de ser. E como deve ser entenda-se - alunos muito interessados, motivados, trabalhadores e, acima de tudo, educados. Este ano, e ao fim de quatro anos, vou largá-los, vão para a escola dos grandes, de maneiras que ando um bocadinho apreensiva quanto aos pirralhas que vou receber e a quem vou ensinar o bê a bá no próximo ano lectivo. Porque turmas destas não se apanham sempre. Bom, mas continuava eu a dizer que os meus alunos são o máximo. Na semana passada, por exemplo, fomos ao Mosteiro dos Jerónimos e à Torre de Belém fazer uma visita de estudo interessantíssima e os malvados sabiam tudo o que eu lhes tinha ensinado. Tudo. E eu só tive de ficar toda inchada perante os animadores culturais, porque isto é o melhor presente que qualquer professor que goste e se empenhe naquilo que faz pode receber. E, pronto, era só isto. Boa tarde.
Pergunta da Semana # 9 - É mesmo dos carecas que elas gostam mais?
Tom Ford
Eu, sinceramente, acho que não. Aliás, tinha uma colega que dizia que o charme de um homem se ia com o cabelo. Eu não sou tão radical como ela, mas a verdade é que tirando o Tom Ford (que é gay, muito gay, mas que tem ali um je ne sais quoi, mas que nem sei se se pode já considerar careca), o Sean Connery que é um clássico (e que ficou careca já muito mais tarde) e o Bruce Willis (que não faz bem o meu género), não estou a ver mais nenhum homem careca charmoso. Quererá isto significar alguma coisa?
...
Wednesday 27 January 2010
Morning Song - Jewel
(E agora lembrei-me que no fim-de-semana passado terminei finalmente de ler o calhamaço de livro que inclui todas as cartas de amor trocadas entre o Henry Miller e a Anais Nin.)
O Amor é um Lugar Estranho - Pelos Leitores # 7
William Holden e Audrey Hepburn
Da autoria da Ana Paula Mateus
Rebelde, o meu coração rasgou-me o peito, estilhaçou a vidraça do quarto e desobediente, voou a procurar-te. Parou na tua rua, viu a luz lá dentro e bateu à porta suavemente. Como eu dantes fazia. Quando abriste, apertou-se contra ti, a tremer de emoção e assim ficou sem dizer nada... Como eu dantes fazia. Depois beijou-te a boca com a urgência da saudade, sentiu-te o cheiro, tocou-te o corpo procurando-te o desejo, alimentou-se de ti... Como eu dantes fazia. Saciado, deixou-te só, depois do abraço apertado como cordas, forte como amarras... Depois das palavras sussurradas com voz quente... Como eu dantes fazia...
Quando o vi chegar, o meu coração ferido, esse teimoso indomável, não tive coragem de o castigar... Recolhi-o com carinho, tratei-lhe das feridas e fechei-o à chave de novo em mim, acorrentei-o no meu peito, ralhando-lhe baixinho, proibindo-o de voltar para ti.
(Foi entre este texto e o texto vencedor que o meu coração mais balançou.)
Good news
Outra que estava muito mais gira do que nos Globos de Ouro
Tuesday 26 January 2010
Outra que estava gira gira nos SAG Awards
Kate Hudson by Pucci
Foi a Kate Hudson. Meu Deus, como esta mulher é linda. Adorei o vestido. Para dizer a verdade, tenho uma paixão assolapada por estes vestidos de costas nuas. Aliás, este faz-me lembrar o que a Hillary Swank vestia quando ganhou o Óscar de melhor actriz em 2005 pelo filme "Million Dollar Baby". Era lindo, lindo. Evidenciava aquelas costas magníficas que ela tem e que eu não me importava de ter.
Hillary Swank by Guy Laroche
Kitty Fane - 0 Monte Everest - 1
Cirurgias plásticas
A rinoplastia porque acho que um nariz feio, faz uma cara feia. Que o diga a minha colega da faculdade que passou de um patinho feio com um nariz completamente torto e esquisito, tipo papagaio esmurrado, a um cisne. Eu nem a reconheci quando um dia na Baixa ela me acenou.
Generalizações # 2
Monday 25 January 2010
Marisa Miller
Entretanto esqueci-me da terceira categoria:
3 - Os que lêem este blogue. Que não são nem playboys - na realidade até são as chamadas jóias de moço - nem são desesperados. E, ainda por cima, são inteligentes e lindos e cultos e educados e cavalheiros e tudo e tudo. Meninas, mexam-se. Vá, que eles são tímidos.
(Há dias recebi um e-mail intitulado - Amor na tua caixa de comentários. Pois é, parece que houve para aqui uma declaração de amor que fez toda a diferença para uma menina. Ai. Qualquer dia transformo-me numa Miss Match. Já faltou mais.)
Outros produtos da Benefit que eu uso e aconselho*
Generalizações
Famílias a crédito
É que uma coisa é uma pessoa que, de um momento para o outro, fica desempregada. Pode acontecer a qualquer um. Agora pessoas que não sabem viver? Que querem ter aquilo que não podem? É o apartamento na Lapa, cuja renda não sabem como irão pagar. É a vivenda na Aroeira, cuja prestação mensal é quase o ordenado de um dos membros do casal. São os três filhos nos colégios. São as carrinhas BMW que ainda nem se começaram a pagar. São as férias pagas a crédito. São as compras pagas a crédito. É tudo pago a crédito.
E pronto...
Sunday 24 January 2010
Amber Rose ontem em Paris
... entre aparecer com as pernas cheias de pêlos e aparecer com esta indumentária, venha o diabo e escolha. Esta mulher (namorada do Kanye West) é a prova mais do que provada de que o bom gosto não se compra. Caramba, ninguém sai assim à rua. A não ser, claro está, que se vá atacar para o Intendente. É que, ainda por cima, nem acho a mulher nada jeitosa, parece um tanque de guerra.
Só é pena a entrevista ser tão pequenina
Petra Nemcova
Enquanto (sentada ao sol com uma imensidão de verde à minha volta e ao fundo passarinhos a cantar. adoro fins-de-semana no campo. ) leio na revista Actual do Expresso a entrevista ao George Clooney, penso para com os meus botões - Cum caneco pá, o estupor do homem é mesmo interessante. É que não é só um homem charmoso, é muito mais para além disso. Isto não se admite. A cabra da Elisabetta tem mesmo muita sorte.
Ainda me custa a crer...
...
Saturday 23 January 2010
Cynthia Nixon, Kim Cattrall, Sarah Jessica Parker e Kristin Davis em "Sex and the City"
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! A alguns deles não procuro, basta saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida...mas é delicioso que eu saiba e sinta que eu os adoro, embora não declare e os procure sempre...
Vinicius de Moraes
Porque não ajudar hoje alguém?
Nunca como hoje foi tão fácil ser solidário. É fácil, é barato e, embora não dê milhões, dá uma sensação única a quem o faz. Eu pelo menos sinto-me sempre um bocadinho mais feliz quando o faço, por saber que estou a contribuir para ajudar alguém que não teve a mesma sorte do que eu. Então eu passo a explicar. Vão ao multibanco, clicam em "transferências", depois clicam em "Ser solidário", e já está. Só têm de escolher a instituição que querem ajudar e marcar a quantia. Hoje apeteceu-me a AMI.
Valha-me a santa "Erase Paste" da Benefit*
Mischa Barton
Pois é, acordei com o Monte Everest, em forma de borbulha, no meu nariz. O meu nariz parece a cordilheira dos Himalaias. Até consigo ver de um lado o Tibete e do outro o Nepal.
*Ao fim de cinco anos completamente fiel à Dior e ao seu anti-cerne, rendi-me a isto. É uma maravilha. Camufla todas as imperfeições. E ainda tem a vantagem de ser mais barato.
Falta-me o gato
Audrey Hepburn em "Breakfast at Tiffany's"
O meu amigo B. disse que já só me faltava o gato para ilustrar na perfeição o cliché das mulheres solteiras de trinta anos. Como diz ele, todas têm um gato. E agora pergunto eu - serve um gato alto, moreno e muito independente? É que, tendo em conta que eu deixo morrer todas as plantas que entram em casa, seria natural que o gatinho definhasse a olhos vistos mal pousasse as garritas no meu sofá. Portanto, só mesmo um que se alimente a ele próprio. Ou então, um que traga incluído uma ninhada de ratos para se alimentar durante dias e dias.
Eu cada vez me sinto mais um ser de outro planeta por gostar de homens com ar de... homens
David Gandy
No post abaixo houve uma leitora que disse que as sobrancelhas do David Gandy eram feias. Feias? Eu acho lindas. Aliás, ele é lindo dos pés à cabeça, e o que o distingue dos seus colegas modelos é precisamente o seu ar másculo. O nariz imperfeito (perfeito aos meus olhos). A barba rija ( já há muito que queria usar esta expressão). As sobrancelhas rebeldes. Haverá coisa mais atraente do que um olhar profundo coberto por umas sobrancelhas rebeldes e desalinhadas? Eu adoro. Se calhar preferem umas sobrancelhinhas bem delineadas e arranjadas minuciosamente à pinça, como as dos Cristianos Ronaldos que andam por aí por essas discotecas fora a bambolearem-se como se fossem Ricky Martins?
Como já aqui disse, homens a ter estes cuidados só mesmo aqueles cujas sobrancelhas teimaram em crescer unidas, e que tiram ali um pequeno excesso entre elas. Assim uma coisinha de nada. Mas isto sou eu que acho. Eu que cada vez me sinto mais um ET por gostar de homens com aspecto de homens.
Nunca mais chega a Primavera? Who cares? Afinal de contas, é Sexta-feira!
Momento parvo do dia (e agora perguntam vocês - não são todos parvos?)
Thursday 21 January 2010
Ginásio? Em Janeiro?
Palavras leva-as o vento
Edward Westwick e Leighton Meester em "Gossip Girl"
Não há nada a fazer, deixei de dar qualquer tipo de importância às palavras que me são ditas para expressar o que sentem por mim. Basicamente, entram por um ouvido e saem por outro. A sério. De que me serve um homem que diante de mim me diz que eu sou a mulher da vida dele, que nunca me esqueceu, que desde que me conheceu compara todas as mulheres comigo, que o sonho dele era ficar comigo para sempre, mas que depois não é capaz de ter uma atitude que seja que me faça acreditar naquilo que diz? Nada. Não serve para nada. É por estas e por outras que nunca percebi aqueles casalinhos que só fazem disparates, mas que depois andam a toda a hora a dizer um para o outro - Amo-te muito, mor. Tu também me amas? Xim, amo-te muito meu môzinho. - E depois continuam a sua vidinha como se nada fosse.
As palavras são importantes? São. Mas se não forem acompanhadas por gestos à altura delas, perdem todo o significado.
Ora, ora
kate Beckinsale
Por ter dito que são os quarentões os mais disponíveis, não quer dizer que não haja homens na casa dos trinta, solteiros, divorciados ou viúvos, disponíveis e a bater à nossa porta. É o que mais há. Mas, se formos a ver bem, a quantidade é menor. E sendo a quantidade menor, a qualidade também o é. Logo, não estão incluídos. No post abaixo estava a referir-me, naturalmente, a homens interessantes, e aí, lamento, os de quarenta batem os restantes aos pontos. Mas... é a minha opinião. Se calhar a Maria do escritório prefere os de vinte. E a prima Luísa prefere os de trinta. Eu também nunca esqueci o de vinte e oito anos que conheci, que me deu a volta à cabeça, e que tinha mais maturidade, mais cultura e mais experiência do que a maior parte dos de trinta e de quarenta que eu conheci até hoje. Portanto, homens interessantes existem em todas as faixas etárias.
Isto tudo para dizer que, no post abaixo, estava a generalizar, obviamente. E as generalizações não passam disso mesmo - de generalizações.
Geeeeeezzz
Wednesday 20 January 2010
Bill Kaulitz, vocalista dos Tokio Hotel, no desfile da DSquared2
Menswear Autumn/Winter 2010 (Men?)
Eu não me conformo. A minha sobrinha giríssima de catorze anos tem uma paixão platónica por esta criatura, perdão, este rapaz há mais de dois anos. E nunca mais passa. Será que é desta?
Só para mulheres
Alessandra Ambrosio
Sempre ouvi dizer que fazer uma mamografia era horrível. Que apertavam demasiado o peito. Que sofríamos horrores. Eu, que já fiz os exames mais dolorosos que se possam imaginar - biópsias, citologias aspirativas, TACs com injecções de contraste, and so on, and so on (falta-me a punção lombar que é a coisa por mim mais temida e que, felizmente, nunca precisei e espero nunca precisar) - achei sempre que havia ali algum exagero. E confirmou-se. Hoje fiz a minha primeira mamografia de rotina (até aqui só fazia ecografias) e posso dizer que já levei apalpões piores do que aquilo. Para dizer a verdade, não senti nada. Não tive qualquer tipo de dor. Não fosse o facto de a técnica ser baixinha e ter de se pôr em bicos de pés para me ajeitar as mamocas na máquina, e nem tinha dado conta. Convém é não marcarem para os dias que antecedem o período e aos quais estão associados alguma tensão mamária.
Bom, se fossem todos uns Clooneys éramos mulheres felizes... ou não.
George Clooney
Amiga de Kitty - Ultimamente só conheço quarentões. Não percebo. Não que eu não goste, mas a verdade é que preferia um da minha idade.
Kitty - Pois, é normal. Os de vinte estão solteiros, mas são imberbes, os de trinta ainda estão casados ou a caminho de, e os de quarenta já estão divorciados. Logo, são esses que nos batem à porta.
Kitty Fane Maria, aguarda ansiosamente a décima terceira temporada
E ao décimo oitavo dia do ano da graça de dois mil e dez, Kitty Fane Maria desistiu do seu vício que dava pelo nome de America's Next Top Model. Primeiro, porque descobriu, sem querer, quem era a vencedora e não gostou nada. Uma modelo não tira só fotos bonitas. E o resto? Segundo, porque descobriu quem eram as finalistas e também não gostou mesmo nada. Terceiro, porque descobriu que se enchia de urticária de cada vez que ouvia a Amina a falar, e isso não era mesmo nada agradável.
O Amor é um Lugar Estranho - Pelos Leitores # 6
Tuesday 19 January 2010
Imagem do filme "It's a Wonderful Life"
Da autoria da Helena Barreta
No dia seguinte ao meu filho ter nascido, recebi, entre outras, a visita do meu pai. Era o seu 6º neto e a primeira vez que ia à maternidade, por isso não estranhei quando no dia seguinte não apareceu. Perguntei por ele e todos disfarçaram, mudaram de assunto, fingiram não ter ouvido, no meio de tanta solicitação não toquei mais no assunto. Toda a família estava ali fisicamente, riam e estavam aparentemente felizes, era tudo para disfarçar, o pensamento, esse estava no meu pai. Aquela hora da visita pareceu-lhes, a todos, uma eternidade, voaram da maternidade directos ao hospital onde estava o meu pai, rodeado de médicos, exames, análises, tacs e tudo o mais para descobrir o que lhe tinha acontecido. O medo do que pudesse ser. Tinha passado dois anos desde o cancro no estômago, tinha passado dois anos de medo, inseguranças e o receio de que ele voltasse, apesar do médico garantir que não havia a mínima possibilidade disso acontecer. Não foi o cancro, foi o 1º AVC.
Quando saímos da maternidade, depois de quererem empatar-me, fazerem-se desentendidos, perante a minha vontade de querer ir em primeiro lugar a casa dos meus pais, não puderam mais esconder. Falaram vagamente em tonturas, desequilíbrios, problemas nos ouvidos, coisa pouca, não te preocupes, desvalorizaram. Mas o amor deve ser isto, eu sabia que não me estavam a contar tudo, eu sabia que me estavam a esconder a gravidade do problema. O meu pai aparentemente já estava bem, tinha recuperado e não tinha sequelas do acidente. Seguiram-se mais exames, mais buscas para tantas dúvidas, tantas perguntas, mas principalmente, tanto medo.
Passados 6 meses, em minha casa, durante a festa do baptismo do tira picos, era assim que o meu pai tratava os netos quando eram pequeninos, à vista de todos, o 2º AVC atacou-o, de novo o medo, a angústia da espera pelos resultados, as reuniões médicas, as opiniões. Cada vez mais a consciência de que ele nos estava a fugir. O amor que tinha pelo meu pai era proporcional ao medo e à dor de o ver assim. Pensar que o meu filho não iria ter o avô para o embalar, para lhe contar histórias, para ir à terra e para aprender tudo, e era tanto o que o meu pai tinha para dar, era ao mesmo tempo, um pensamento presente mas também longínquo. Mais uma vez o meu pai recuperou. E a esperança na intervenção cirúrgica fez-nos acreditar.
Mas um 3º AVC deitou tudo a perder, a operação foi adiada. Toda a família, mais do que nunca, estava unida pelo amor ao pai, ao avô, ao marido, ao sogro, todos com um só desejo, que o amor que sentíamos todos fosse mais forte e suficiente para afastar o perigo. Enganámo-nos.
Tinha o meu filho 8 meses quando o 4º AVC o derrubou, agora, de vez, para sempre.
No espaço de 8 meses fui mãe e fiquei sem pai. Nesse espaço de tempo vivi o melhor e o pior do amor.
O meu filho tem as mãos iguais às do avô, os dedos compridos, finos, mas fortes, mãos de artista, dizem. Eu confirmo. Lindas.
O João tem tantos anos quanto tenho saudades dele, são 17 anos de saudades, 17 anos de amor multiplicado por menos um.
Se o amor não fosse um lugar estranho, ainda hoje ele me ouvia dizer: AMO-TE PAI, MUITO.
Se o amor não fosse um lugar estranho, hoje daria mimos e receberia abraços apertados e beijos de 7 netos e 6 bisnetos.
O meu pai nasceu no dia 17 de Abril de 1925 e faleceu no dia 21 de Dezembro de 1992. Sim, era novo, muito novo.