Se há coisa que eu detesto são médicos engatatões. Engatatões e com excesso de confiança. Não suporto. Em geral, vêem-me uma vez, e não me voltam a ver mais. E há tantos por aí. Hoje fui a um desses. Muito boas referências dadas por várias pessoas, por isso fui lá tentar ver porque é que de vez em quando tenho dores de estômago (nada de forte, mas quando como certos alimentos sinto um ligeiro ardor), gastroenterologista, quarentão, muito bom ar e uma simpatia exagerada para o meu gosto, com direito a algumas conversinhas completamente desnecessárias.
Quando lhe começo a contar o meu historial clínico, fazendo sempre questão de frisar que tive um problema na parótida e não na tiróide (confundem quase sempre, nunca percebi porquê), ele começa a questionar-me porque é que eu não era seguida por um endocrinologista, porque é que nunca tinha feito determinadas análises, e começa a passar-me exames e mais exames. Exames que nada tinham a ver com aquilo que me levou lá, mas sim com o que ele achava que era o problema que eu tinha tido (quando eu sou seguida e faço os meus exames relativos a esse problema com a regularidade necessária). E eu a olhar para aquilo de boca aberta e a dizer-lhe que a parótida nada tinha a ver com a endocrinologia, e que até era uma glândula salivar. E ele teimava que não. E dizia que o meu médico - um dos melhores especialistas de tumores do pescoço do nosso país - só percebia de cirurgia, blá, blá.
Caramba, eu posso não perceber de muita coisa, mas do problema que tive percebo eu, que já analisei tudo o que havia para analisar, que estudei horas sobre o assunto, que investiguei tudo o que havia para investigar acerca dele. E só há uma pessoa em quem confio - o meu médico - que é a pessoa mais profissional e competente do mundo.
Continuava ele no seu blá blá enquanto eu teimava com ele que a parótida era uma glândula salivar, quando se fez luz naquela cabecinha gira, mas torta, e com excesso de confiança, e ele me diz que afinal pensava que eu tinha tido um problema na paratiróide. Quando eu lhe disse não sei quantas vezes que o problema tinha sido na parótida e não na tiróide. Bom, depois disto o que aconteceu foi constrangedor, tanto para ele como para mim. Ele cora, começa a gaguejar, e começa a pedir-me desculpas sem parar. E lá disse, finalmente, que o melhor era eu fazer uma endoscopia (eu já sabia que ia ter de a fazer, aliás, vou pedir para fazer completamente sedada), uma vez que tenho algumas queixas do estômago, e sempre a pedir desculpas sem parar.
Enfim, ele não sabia onde se enfiar. Nem ele nem eu, que saí de lá tão disparada que nem paguei os setenta euros que me custaram a consulta. Já estava no carro quando me lembrei disso e desatei a correr em direcção à clínica.
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