Liv Tyler fotografada por Ellen von Unwerth
Há um rapaz maravilhosamente louco e giro - é o rapaz mais giro e com mais bom gosto de Lisboa e arredores (é assim uma versão portuguesa do Clooney com menos quinze anos) - que volta e meia aparece na minha vida. Em geral, chega com a Primavera. Mas há um ano apareceu com o Carnaval. Resumindo, aparece sempre em épocas festivas. A coisa funciona assim: estamos grandes temporadas sem falarmos um com o outro porque aos poucos vamos deixando de falar. Depois há um dia em que ele me telefona ou eu lhe telefono a ele, e no dia seguinte vamos beber um chá e pôr a conversa em dia. Depois no dia seguinte vamos ao cinema. Depois vamos jantar fora. ... E depois há um dia em que não falamos porque não houve tempo. Depois há dois dias. Depois passa uma semana. Um mês. Um ano. E volta tudo novamente ao mesmo. E não nos importamos.
Conhecemo-nos em Abril de dois mil e três. Ainda me lembro dele por debaixo da minha varanda a gritar "Ó babyyyy, és linda" (a fazer voz de fadista castiço, e não, não estava com os copos) e eu sem saber onde me enfiar. E só parava quando a velhota cusca do prédio da frente vinha à janela e fazia um olhar de reprovação. Sempre que vinha ter comigo fazia isso. Claro que o fazia porque sabia que eu ficava possessa e chateada com ele.
Entretanto passaram sete anos. Ele tem envelhecido estupidamente (agora ando com a pancada de usar esta palavra a toda a hora) bem como o vinho do Porto. Está lindo em todos os aspectos. Mais maduro. Mais charmoso.
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