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Ser pai não é só ter filhos

Tuesday 30 March 2010



Eu não faço a mínima ideia se vou ser mãe. Gostava. Mas não morro se não o for. Não é o meu objectivo da vida. Fará parte dela se assim tiver de ser. Não tenho relógios biológicos a gritar-me aos ouvidos. Olho para as minhas colegas e para as minhas amigas a falar dos filhos e acho engraçado, mas confesso que, neste momento, não tenho grande vontade de me pôr no lugar delas. Talvez daqui a uns meses já pense de forma diferente. Se um dia acontecer, espero que sim, eu hei-de fazer os possíveis para escolher um bom pai para os meus filhos (às tantas sai-me um do pior calibre, mas ao menos que não diga que não me esforcei). Aliás, não chega ser bom. Tem de ser excelente. Tem de apresentar uma série de requisitos e passar em diversas experiências. Não chega qualquer um. Se calhar é por isso que continuo solteira e hei-de continuar por algum tempo.

É que não quero acabar como algumas mulheres que eu conheço. A tomar conta dos filhos sozinhas. A terem de inventar desculpas quase diárias para que as crianças não percebam que afinal os homens responsáveis pela sua formação biológica (a que alguns chamam pais, mas que na realidade não o são) não interessam a ninguém. A sustentarem na totalidade o custo que um filho acarreta. A fazerem isso tudo sozinhas. A levá-los sozinhas ao hospital quando estão doentes. A dar-lhes banho ao final de um dia de trabalho. A cozinharem para eles. A assistirem ao seu desenvolvimentos sozinhas. A ajudarem nos trabalhos de casa sozinhas. A assistirem às festas da escola sozinhas, sempre a olhar para o fundo do salão para ver se o tal que tinha prometido aparecer, aparece. Em vão.

É certo que também há más mães. Muitas. Mas a verdade é que para uma má mãe, eu conheço cem maus pais. E eu conheço tantos. Não só no meu círculo de amizades, mas sobretudo nas escolas onde trabalho. É impressionante a quantidade de maus pais que há por aí. Alguns disfarçados. É certo. Mas são imensos. É impressionante a quantidade de pais que depois dos divórcios se divorciam também dos filhos. É incrível a quantidade de homens que arranjam segundas famílias e desprezam as primeiras esquecendo os filhos anteriores. É impressionante o número de crianças com traumas à conta disto. Que sofrem diariamente por não terem pais à altura.

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