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Da chinfrineira das salas de cinema

Wednesday 30 March 2011

Rachel Weiz fotografada por  Marcus Mam, Março de 2011

As salas de cinema tornaram-se barulhentas . Parece que tenho a sensação de que antes não era assim. Sobretudo antes da explosão dos telemóveis. As pessoas eram civilizadas. Não falavam. Não faziam o barulho que fazem hoje a comer pipocas e a sorver refrigerantes. As pessoas preocupavam-se com o próximo. Hoje não. Hoje atendem telemóveis. Falam sobre a vida. Riem alto sem que haja cenas para tal. Enfim. Eu deixei de ir a sessões da noite precisamente por isso. A não ser, claro está, que seja algum filme ou em alguma sala menos comercial. Porque vinha sempre irritada. Porque muitos deles pareciam animaizinhos que fugiram das jaulas e que vinham para ali dar largas à sua loucura. Neste momento, tenho pavor de salas cheias, e, por isso, opto quase sempre pelas primeiras sessões do dia, por volta da uma da tarde, o mais tardar às das três horas. Se bem que estas últimas são um perigo ao fim-de-semana. É que já me apercebi de que há muitos pais de adolescentes que os deixam nos centros comerciais para eles irem ao cinema com os amigos, e eles só vão para as salas fazer disparates. Como há dias numa dessas sessões em que, perante a chinfrineira que por ali ia, eu tive de me levantar e, muito discretamente, mandar calar aqueles quatro adolescentes irritantes que, para além das risadas estridentes que davam, até espadas luminosas - que empunhavam como se fossem personagens da Guerra das Estrelas - levaram para a sala de cinema. Foi remédio santo, já não se ouviu pio. Mas, quer dizer, ter de ter este tipo de atitudes para poder ver um filme para o qual se pagou (e não é assim tão pouco), parece-me triste.

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