Leighton Meester e Edward Westwick em "Gossip Girl"
A nossa primeira relação séria é sempre marcante e acaba por determinar parte do comportamento que temos no resto da nossa vida. É certo que pode correr tudo bem, e aí das duas uma, ou ficamos o resto da vida com essa pessoa ou nos divorciamos muitos anos mais tarde com a sensação de que devíamos ter aberto os olhos mais cedo e ter percebido que aquilo afinal não era bem o que queríamos.
Eu tinha dezoito anos, quase dezanove, quando me apaixonei a sério pela primeira vez. Ele fez de tudo para me conquistar, até serenatas por baixo da minha janela cantou, e eu, claro, rendi-me aos seus encantos. Completamente apaixonados, fazíamos promessas e juras de amor, e ele sempre me dizia a mesma coisa - se um dia a nossa relação terminar será por tua vontade, porque eu por mim ficarei sempre contigo, tu és a minha vida. Aquilo tranquilizava-me porque eu sabia que nunca iria deixar de gostar dele. Eu dedicava-me a ele como nunca me tinha dedicado a ninguém. Durante três anos. A verdade é que como prémio de toda esta dedicação e de todas estas palavras tão sentidas, ele ofereceu-me um par de chifres na minha linda testa. Uma traição com uma amiga que tínhamos em comum (o que ainda é pior, antes fosse com uma desconhecida qualquer).
Sofri horrores durante meses. Definhei (esta parte até foi boa porque finalmente consegui o corpo de modelo que eu queria na altura e que ainda não tinha conseguido). Carregava o mundo em cima de mim. Foram muitos os dias em que saía da escola (no meu primeiro ano de trabalho) e corria para casa para fechar a porta e chorar sem ninguém me ver. Chorava, chorava, chorava. E assim foi durante meses. A vida perdeu a cor. Não tinha vontade de me levantar de manhã. Mas escondi sempre isto de toda a gente. Sou demasiado orgulhosa para me mostrar assim cheia de feridas. Só mesmo as amigas mais chegadas souberam deste meu sofrimento. Que foi enorme.
Passados meses conhecia outros rapazes mil vezes mais inteligentes do que ele, mil vezes mais giros do que ele, mil vezes mais tudo do que eles, que faziam tudo para me conquistar, e eu só conseguia pensar naquele traste. Acho que demorei anos a esquecê-lo. As marcas deste desgosto reflectiram-se em todas as relações seguintes. Um medo terrível de compromisso sério, derivado do medo de me entregar novamente de corpo e alma a uma relação e acontecer o mesmo que tinha acontecido antes.
Agora olho para trás e penso que isso foi o melhor que me aconteceu. O que sabia eu da vida e das relações nessa altura? Nada. Era ingénua. Completamente ingénua. Tolinha, até. E se aquela relação tivesse dado certo eu iria ficar sempre assim. Foi preciso passar por estes anos todos para perceber que afinal eu merecia muito melhor do que aquilo.
E acho que esse desgosto foi o primeiro passo para eu perceber o meu valor, e perceber, acima de tudo, aquilo que quero e aquilo que não quero. Perceber que não nos devemos contentar com o satisfaz, mas sempre com o excelente. E para estarmos com o satisfaz é preferível estarmos sozinhas, porque, afinal de contas, sozinhas até estamos bem e poupamo-nos a chatices.
Eu sempre disse, usando as palavras da Carrie - I'm looking for love. Real love. Ridiculous, inconvenient, consuming, can't-live-without-each-other love. E as pessoas sempre me disseram que isso não existia. Ou melhor, existia apenas nos primeiros quinze dias de uma relação. E eu já acreditava piamente nisso. Mas vim a comprovar que não, que isso existe. E que valeu a pena esperar anos a fio por ele. Que valeram todos os desgostos. Que nada aconteceu por acaso. Porque depois ele apareceu e fez com que tudo o que tinha acontecido para trás fizesse sentido.
Neste momento, não sei o que seria a minha vida sem o meu amor. Se calhar não seria viver, mas sim sobreviver. É que há a minha vida antes dele. Cheia de emoções, mas, agora que olho para atrás, vazia deste sentimento. E há a minha vida depois dele. Cheia de emoções e cheia deste amor que me encheu o coração de coisas boas. Que me fez querer construir uma família com ele. Que me fez querer envelhecer ao seu lado. Que me fez acreditar novamente em contos de fadas.
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