Se fosse agora tinha-lhe dado os trinta cêntimos
Thursday 22 October 2009
Sandra Bullock
- Eu só preciso de trinta cêntimos, minha senhora. - dizia-me ele. Usava um fato velho e sujo e uma gravata gasta e amarrotada. Logo aí reparei que era um arrumador especial. Mas se eu tinha deixado quase dois euros no parquímetro, é óbvio que não lhe iria dar nenhum centavo, até porque ele nem estava no sítio onde eu tinha estacionado. Apareceu do nada. Disse-lhe que já tinha pago o parque e esquivei-me, enquanto ele me perseguia a falar alto, como se estivesse a ralhar comigo e a rogar-me pragas, como é costume deles quando nós não lhes damos nada. Mas não, na realidade estava a recitar o "Mar português" do Fernando Pessoa. Vinha atrás de mim aos gritos - Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena, Quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu.... - Estou mais arrependida de não lhe ter dado o dinheiro.
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