É nisto que eu quero que acredites
Wednesday 17 February 2010
Penélope Cruz
Era um dia de Junho. Um dia quente. Tão quente. Havia greve de camiões e o país estava à beira da loucura. Lembro-me de o médico me ter dito que eu ia ser operada, depois ia fazer tratamentos e depois ia ficar bem. Iam fazer tudo para que eu ficasse mesmo bem, dizia-me ele. Eu estava de rastos. As estudantes de medicina que costumam estar lá na sala também estavam. De certeza absoluta que se puseram no meu lugar - mas como é possível uma rapariga assim tão nova estar a passar por isto? - eu teria feito o mesmo. Pediram ao médico para sair porque estavam mal dispostas. Foi então que o médico me disse que eu era a segunda rapariga nova que naquele dia tinha uma daquelas notícias. Mas vai ficar bem, repetia ele. Disso não duvide. Estava calor. E eu sentia frio. A minha amiga S. que tinha ido comigo estava a chorar quando eu saí. Eu é que tive de a consolar. É que eu nem chorar conseguia, tal não era o novelo que tinha dentro de mim. Hoje rimo-nos com aquilo. Eu é que ia passar por aquilo tudo e ela é que chorava. É tão chorona que, por vezes, só me apetece bater-lhe. Eu saí e só me lembrava daquelas palavras dele - vai ficar bem. E acreditei nisso. Apesar dos maus momentos, correu tudo bem. É nisso que eu quero que tu acredites neste momento. Que vai ficar tudo bem.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment