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O Amor é um Lugar Estranho - Pelos Leitores # 8

Wednesday 3 February 2010


Kirsten Dunst e Orlando Bloom em "Elizabethtown"


Da autoria da Mónica Santos

Meu amor,

Os outros, sempre os outros. A lançar confetis na alegria dos seus amores, que nunca são de facto, a celebrar e a sorrir para todos amor que nunca sentiram. Precisam de ostentação meu amor, os outros. Precisam que vejamos, precisam que acreditemos que são felizes, que se amam, que se cuidam, que se entrelaçam nos caminhos que só eles podiam conhecer. Meu amor, esta carta que escrevo à luz do sol poente leva a frieza deste calor que os outros teimam em deixar em mim, acreditando que tudo está bem quando todos acreditarem que o que vemos é amor. Eles não sabem o que é, meu amor, esse sentimento que cobre a voz de maresia e me faz olhar para este mar que não é meu e te espelha tão bem.

Eles não sabem, ou então nunca saberiam o que dizer. Arranjaria eu palavras para festejar com eles o meu amor por ti, saberia eu escolher a forma, o momento, o dia? Claro que não. Mas eles sim, os outros. Decoram as palavras, que por nunca serem certas, dão prazer a escolher. Inventam mil e uma maneiras de sossegar os corações aflitos que não sabem, ainda, nada da vida.

E por isso confundem tudo, mastigam tudo e não sobra nada. Por isso, me afasto meu amor, para o silêncio que te traz vez após vez, sem festa visível, a não ser o olhar molhado.Os outros, sempre os outros. À procura do que não lhes pertence nem sabem como é. Quando chegar, vão tropeçar e nem sequer vão parar para olhar. Aí o coração que afinal nunca sossegou, nunca mais volta ao mesmo. Foram demais, para tão pouco.

Eles, meu amor, já nem escrevem cartas de amor!

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