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E vocês têm medo de andar de avião?

Tuesday 2 June 2009


Selita Ebanks e Miranda Kerr

Eu sempre tive um fascínio enorme por aviões. Mas depois de viver um amor muito intenso com um piloto fiquei ainda mais fascinada. Porque ele passava horas a falar daquilo e eu passava horas a ouvi-lo cheia de entusiasmo. Como se isso não bastasse, tenho o meu afilhadinho mais novo que é louco por aviões e que me ensina muita coisa acerca deles. Desta forma e tal como toda a gente, fico sempre muito triste quando cai um avião. Mas não fico, de forma alguma, com medo de voltar a andar. Aliás, eu não tenho medo nenhum. Sou mais ou menos como as meninas da foto. Só me falta o V de vitória, porque o sorriso está sempre lá. É que, para todos os efeitos, andar de avião é sempre sinal de férias e isso é sempre uma alegria. Tenho mais medo, por exemplo, de andar com certas pessoas a conduzir um carro do que andar de avião.

Mas claro que um monstro daqueles no ar é coisa para impor respeito. E quando há shake-shake- shake (nome carinhoso com que eu e uma certa pessoa apelidámos a turbulência) fico sempre um bocadinho mais nervosa. Mas nada de mais. Sobretudo quando é aquele shake-shake ligeiro.

Mas ainda me recordo quando, há cerca de quatro anos, regressava do Brasil e, mais ou menos na zona onde eu penso que este avião se despenhou, apanhar a maior turbulência da minha vida. Aquilo era, sem sombra de dúvida, turbulência do mais severa que se pode apanhar. Só faltou mesmo o avião cair. Porque tivemos direito a tudo o resto.

O Boeing 767 dava pinotes e subia e descia como uma montanha russa. Eu, que já vinha mal por conta de uma constipação horrível, fiquei ainda pior com aquilo. Rezei. Tinha quase a certeza que ia morrer e que ia servir de alimento aos peixinhos. Cheguei ao cúmulo de me descalçar (levava sandálias de salto) para, caso o avião caísse, poder nadar à vontade. Como se fosse possível alguém se salvar. Dahh. E, já agora, nadava para onde? Mas, pronto, só para verem como eu estava desesperada. Acho que foi a única vez na vida que tomei um calmante que me deram.

Felizmente, passadas algumas horas muito difíceis o avião encontrou a paz quando o dia nasceu. E aterrou em paz, calminho, em Lisboa. Eu andei alguns dias para recuperar. Acordava a meio da noite sobressaltada a pensar que ainda estava dentro do avião e que ele ia cair. Mas nem por um minuto tive receio de entrar novamente num avião. Aliás, por mim, entrava já hoje e ia já aí durante uns longos meses para um país muito distante. Sem pensar em nada. Sem pensar em ninguém.

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